Se fosse inquirido acerca das principais qualidades de que um indivíduo deve dispor para ser agradável, responderia inteligência, senso de humor e, sobretudo, imaginação, porque se obtivesse apenas as duas primeiras, seria como possuir apenas conteúdo, mas necessitar de forma.
Tomando por base o que Schopenhauer dissera: "Pois, como podemos supor, um bom cozinheiro pode dar gosto até a uma velha sola de sapato; da mesma maneira, um bom escritor pode tornar interessante mesmo o assunto mais árido.”, trocando em miúdos: havendo imaginação, o assunto mais fastidioso pode se tornar aprazível. O mesmo não sucede, contudo, se houver apenas uma inteligência aguçada, porque é notório que há uma infinidade de sabichões enfadonhos, assim como seres que se julgam engraçados por dizerem quaisquer baboseiras.
Oscar Wilde afirma que uma relação tanto de amor como de amizade só pode ser mantida mediante o diálogo, julgo a conversa um fator relevantíssimo, entretanto um corpo é incapaz de se manter vivo sem uma certa harmonia entre diversos órgãos; porém, pode-se viver tranquilamente sem um dedo ou uma mão. Em suma, o diálogo é uma parte vital, mas creio que necessite de algo mais, embora possua uma importância, quiçá, inigualável.
Concluindo, a forma é uma espécie de tempero que faz toda a diferença, pois de nada serve preparar os alimentos mais suculentos, se, na hora de os consumirmos, eles não tiverem ao menos algumas pitadas de sal. O mesmo há em relação aos colóquios, e tal ilustração pode ser feita por intermédio de outra citação de Schopenhauer: “A diferença em questão, entre a matéria e a forma, mantém sua validade mesmo no que diz respeito à conversação. O que torna um homem capaz de conversar bem é a compreensão, o critério, o humor e a vivacidade que dão à conversação sua forma”.