domingo, 19 de julho de 2009

Fria resignação


Descerrou os olhos e viu tudo ganhar forma e coloração 
O frio há muito imperava e num átimo deu fim à ilusão 
Tudo retornou às sombras, sua alma no escuro 
Almejava fugir, mas era inexeqüível transpor o muro  

Certa ânsia incomum por mudanças lhe acomete 
Com a fúria de um cometa, sua vida mudar promete 
Ergue-se do leito, e celeremente busca dias cálidos 
Um adeus aos momentos gélidos e aos sentimentos áridos 


Porém, a fim de se acostumar com o frio de cedo 
Senta-se em frente à estufa e enfrenta o medo, 
Estufa o peito e diz: “a mudança há de acontecer”
Contudo, é notório, que seu destino o homem deve tecer

Soou lhe difícil criar uma canção desprovida de lamentos
Porque escondia de si próprio os instrumentos
Destarte, imperou o silêncio e este não foi destronado
Quando não se evitam os vícios, torna-se deles aliado

Sendo assim, esperou para livrar-se do frio o verão
Contudo, nada ocorreu, nenhuma mudança de estação
Conformou-se com um perene e impiedoso inverno
Pois seu regozijo da temperatura tornou-se subalterno.

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