quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Divagações descritas


"Certas vezes não é de se estranhar que a arte seja mais tocante do que sua inspiração: a realidade? Quiçá o seja, pois nos identificamos mais com os personagens ficcionais, visto que não são meros nomes que vemos na televisão ou lemos no jornal, porém seres cujas trajetórias e infortúnios nos são narrados minuciosamente, tais acompanhamentos deles nos aproximam e de suas desditas nos apiedamos. Contudo, é notório que a realidade é mais chocante do que a arte, tanto em relação à felicidade, quanto à tristeza e à condolência pelo próximo; entretanto, a forma como tudo ocorre é de bastante relevância.

Como já foi dito, a realidade inspira a arte (e vice-versa), esta que é uma forma de representação daquela, porém pode-se notar claramente o desejo de se transmitir um pouco de imaginação para a realidade, do contrário não haveria tantas obras repletas de seres inexistentes,  com capacidades inatingíveis para nós, meros mortais. Todavia, será que tal ânsia pelo místico não contribui para a proliferação das superstições? Como disse Carl Sagan, quem, embora não crendo, nunca pensou em quais seriam seus desejos caso encontrasse uma lâmpada mágica? Tal exemplo não é de se estranhar, pois desde o berço já somos imersos em crendices, eu mesmo, em tenra idade, já fui levado a benzedeiras e fiz cirurgias astrais. 

É sabido que as crianças creem em praticamente tudo que lhes afirmamos, destarte, se lhes dissermos que façam três pedidos antes de amarrar certa fitinha no pulso (divina, decerto!), porque, quando esta cair por conta própria, realizar-se-ão os anseios escolhidos, com certeza elas acreditarão, tomei este exemplo, pois o vi recentemente. Portanto, há outra forma de traduzir isso além de uma atitude cujo único resultado será o de aproximar pequenos indivíduos de grandes misticismos, imensas baboseiras?

Concluindo, creio que a fantasia merece seu lugar na arte; porém, a natureza e o próprio homem com suas descobertas e invenções já nos brindaram com uma infinidade de maravilhas, que julgo prescindirmos de misticismos na vida real, pois, neste caso, eles somente servirão para desviar nossos olhares das verdadeiras maravilhas."

2 comentários:

Thamii ~ disse...

Oi... primeiramente obrigada pelo comentário.
A arte é o tipo de coisa necessaria, fundamental... algo como fuga, não somente da realidade para cairmos em outro lugar e esquecer de tudo, mas pra que a gente acredite, de certo modo, que a realidade é melhor do que realmente é... [não sai muito do que você disse, eu sei]

Sobre as crianças, eu acho elas incríveis [principalmente se estiverem longe, qnto menos tempo perto, mas eu gosto delas] tudo o que elas fazem e o que pensam, independente se foram incentivadas, parecem tão bem boladas, tão simples... que eu passo a acreditar também, por mais que seja em um periodo curto, até mesmo sobre algumas superstições... [as vezes eu acho que crianças são mágicas - papo idiota da thami, acontece ;/]

agora sobre a conclusão... se eu entendi bem, vc quis dizer que as crenças que temos são meramente formas que nós mesmos encontramos para deixarmos de ver algo como 'a magia da realidade'?
se foi isso mesmo (se não foi, me desculpe, acho que não entendi ;S) acho que pode ter fundamento, mas eu tenho minhas duvidas, na verdade, acho que se as coisas "naturais" e as "invenções do homem" fossem simplesmente ótimas (não estou dizendo que não são, mas que talvez não sejam 'por si só' entende?), não teriamos porque inventar e acreditar em crenças e superstições, algo maior para que possamos enchergar as maravilhas das coisas... eu sei que isso é idiota, até certo ponto, mas acontece que assim como na arte a gente precisa daquilo que é 'irreal' para sobreviver... é o tipo de coisa necessaria, fundamental...
tá, acho também que eu sai um pouco da sua idéia principal... desculpe por isso também!!
De qualquer forma, ótimo texto... Mais pra frente vou tentar ler os outros já escritos ^^ Parabéns ;P

Mutante disse...

Bela reflexão.

Quando criança acreditava em tudo que me diziam, e cultivava também uma ideia de um mundo mágico, onde pessoas voavam, e pudiam fazer o impossível. Sonhei muitas vezes ter uma lâmpada mágica, e fazia combinações de pedidos. Desde flutuar até conquistar uma garota (paixões de infância)

Posso lhe afirmar que até meus 12 anos acreditava em tudo que me diziam e imagina mundos diferentes.

Hoje não acredito em coisas metafísicas. Mesmo que algo me deixe intrigado, prefiro analisar melhor e tentar responder do modo mais simples.

Vejo a arte como algo necessário. Acho bom, em alguns momentos, desligar-se do mundo real.
Mas a partir do momento que há um choque entre realidade e ficção, começa a surgir problemas.

Cada um deveria saber distinguir o real do imaginário. Uma pena que grande parte das pessoas vivem tanto tempo com algumas crenças, que acabam inserindo-as na realidade.

Abraço.