Aparenta-nos ser muito simples diagnosticar precisamente se outrem é ditoso ou infeliz, sendo que para tanto usamos nós mesmos como molde, se alguém não dispõe do que nos é essencial, tal pessoa vive imersa em infindáveis tristezas; contudo, se algo que nos é imprescindível está presente na vida de determinado indivíduo, esse tem tudo para se considerar o mais afortunado entre os demais não possuidores de tal preciosidade.
Tal hipótese é tão correta como retirar um peixe de água salgada e pô-lo em água doce, pois esta nos agrada mais, logo o tornará mais feliz. Porque da mesma forma que é comum se adorar a intensa claridade do sol, é corriqueiro nos depararmos com quem se sinta mais fascinado pela sutil luz do luar, nem por isso um sendo melhor ou mais contente que o outro.
Portanto nada é mais infeliz do que julgar outrem desditoso por não se alimentar do que nos gera alegria; contudo, uma fonte de felicidade é praticamente vista como unânime: a amizade, pois ao alegrarmos um amigo já nos sentimos incrivelmente contentes, e tal faceirice é tão intensa que como disse Victor Hugo: “A alegria que inspiramos tem de encantador o fato de, longe de enfraquecer como qualquer reflexo, voltar para nós mais radiante”.