
Era uma cálida e agradável tarde de verão, deveras propício para se ficar em casa pensando na vida ou fazendo alguma outra coisa agradável; contudo, o rapaz de cabelos desgrenhados estava atrasado, corria contra o tempo e enfrentava um calor infernal. O silêncio o incomodava, porém não mais que a barulheira da cidade grande, portanto pôs seus fones de ouvido e escolheu uma música aleatoriamente em seu mp3, a canção executada por obra do acaso foi A verdade a ver navios da banda Engenheiros do Hawaii, cuja letra fala sobre oportunidades desperdiçadas justamente na hora em que elas tinham a maior probabilidade de sucesso, simplesmente por falta de coragem. Enquanto andava celeremente em direção ao seu destino, começou a refletir acerca das palavras ditas na música, e de súbito, uma infinidade de imagens lhe veio à mente, havia perdido oportunidades demais, pensou. Rememorou garotas adoráveis que deixara escapar por entre os dedos, por receio de abraçá-las, sobretudo uma de doces cabelos avermelhados. De súbito o tempo deixou de ser importante, já não mais sabia aonde estava indo. O sol alaranjado denotou dar-lhe confiança, decidiu usufruir desse momento onde temor algum o rodeava e mudando seu rumo foi em passos mais céleres ainda rumo a um perdão que tanto almejava e quiçá a intrepidez pudesse ajudá-lo a obter. Cantarolando um trecho da canção a qual acabara de ouvir: "É muito engraçado que todos tenham os mesmos sonhos e que o sonho nunca vire realidade", parou defronte a uma grande porta, felizmente, nem sequer pensou em desistir, desistiu de premeditar o que ia dizer, tocou a campainha e aguardou.